Um levantamento da Justiça Eleitoral revelou um crescimento de 2% no número de candidaturas femininas para prefeituras em todo o Brasil nas eleições de 2024. O percentual passou de 13% nas eleições municipais de quatro anos atrás para 15% este ano. Embora o crescimento possa parecer modesto, especialistas da área consideram o avanço significativo.

Para a doutora, pesquisadora e professora do programa de pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná, Luciana Panke, trata-se de um progresso relevante.

“Mesmo sendo um aumento pequeno, ainda assim podemos considerar uma conquista esse avanço de 13% para 15% nas candidaturas para prefeituras nos municípios brasileiros. As candidaturas femininas para prefeituras ainda são muito baixas, ficando abaixo da média da América Latina, onde 20% dos municípios são governados por mulheres. No Brasil, o número é bem inferior, inclusive em termos de candidaturas”

comentou Luciana Panke.

A pesquisadora da UFPR destaca que essa conquista é significativa porque se refere às candidaturas às prefeituras, cargos para os quais a cota de 30% prevista em lei não se aplica. Essa regra é válida apenas para candidaturas ao legislativo municipal.

“Esse número reduzido de candidaturas reflete principalmente nos cargos de vereadoras e não nas prefeituras. As mulheres que se candidatam às prefeituras são politicamente relevantes, pois foram escolhidas pelos partidos, que geralmente preferem homens para essa função”, explicou.

Representatividade feminina na política

Nas eleições de 2020, apenas uma mulher foi eleita para governar uma capital, Palmas, em Tocantins.

Até o momento, 35% das candidaturas para as câmaras municipais são de mulheres. Em Curitiba, capital do Paraná, 32% das candidaturas ao legislativo municipal são femininas, enquanto 68% são masculinas.

Na disputa pelo executivo, atualmente três mulheres estão concorrendo:

  • Andrea Caldas, do PSOL
  • Cristina Graeml, do PMB
  • Maria Victoria, do PP

Luciana Panke também integra o Observatório Nacional de Mulheres na Política (ONMP), vinculado à Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, que aborda questões como a violência de gênero, candidaturas e a atuação parlamentar feminina. Esse observatório é mais um instrumento para promover a participação das mulheres na política.

“Na área de candidaturas, realizamos um levantamento gráfico das candidaturas a deputadas federais, e houve um aumento significativo ao longo dos anos em que realizamos a pesquisa. Divulgamos gráficos que mostram essa variação, evidenciando que as candidaturas femininas estão se fortalecendo politicamente e que há uma mudança na sociedade em aceitar como algo mais natural a candidatura de mulheres. Mais mulheres estão se candidatando e sendo eleitas”

concluiu Luciana Panke.